Catombo
4 horas, abri o zói e levantei.
A vaquinha já tá mugindo. Com o copo na mão laço as pata e tiro o parceiro do café de mais-cum-pôco.
Só não deixar o bezerro vir, senão acaba tudo e não sobra pros zotro.
De lá vou no chiqueiro dos bode. As bolinha preta me fazem lembrar que estou lá. É o melhor cheiro da fazenda.
E não saia da frente não, procê ver! É carreira muita! Os bichin querem uma liberdade que não podem. O jeito é dar o que se tem. Os cabrito corre atrás, logo tem que separar pra não perder. Tem q saber criar.
Vou buscar os cavalo na quinta. Hoje tem trabai muito. Subo o morro e me deparo com um veado. Bichim assustado logo de manhã. Deixo passar. Se fosse a tarde, pensaria numa janta.
Vou no canteiro cortar as cana. Pego e passo tudo na forrageira. Os gado têm fome também. Só não pode passar mandioca junto, senão é matança braba.
Cantando, visito os jacá das galinha e vou pegando os ovim, recém posto. A bacia iênche. Já garanti o frito do lanche.
E na virada de canto vejo a muié agoando as planta, tudo verdinha rapaz.
Mas óia, que esse tanque ja secou? Vou ligar a bomba. Porque quando os bode vêm é tudo doido de sede. Coloco tambem a sobremesa preferida: sal na tábua.
Sento no peiturí. Tomo meu café. Não tiro a vista do horizonte. Me sinto rei, enquanto a maré negra vem simbora no cair da tarde.
(Eu onírico)
Deleitando-me com uma vida pré passada, vivo o presente com mente nostálgica. Ô vontade. O cheiro daquilo que senti é monstruoso. O vespertino cantar de galo é bossa nova nesses tempos de rock.
Esse é o Catombo.
Meu Catombo.
E o cabrito vem correndo. Morto de fome, gritando a mãe.