Marllus
Marllus Cientista da computação, mestre em políticas públicas, professor, poeta, escritor, artista digital e aspirante a tudo que lhe der na telha.

Processos ecológicos em agricultura sustentável - Parte 7

Processos ecológicos em agricultura sustentável - Parte 7
Foto - Delfina Arancio Sidoti

Iniciando a discussão do capítulo em questão, Gliessman dá um enfoque na questão da ciclagem energética nos agroecossistemas, onde, de maneira geral, cita o problema da insustentabilidade da proposta da agricultura convencional, a qual, em diversos cenários atuais, acaba por gastar mais energia para manter uma produção do que colhê-la, em termos de biomassa alimentar (PPL – Produção Primária Líquida).

Uma das “ironias” reconhecidas no texto está no fato de ele relacionar a modernização da agricultura como um fim que utiliza meios insustentáveis para manter um sistema agrícola com cada vez maiores aportes energéticos para iniciar uma produção, traduzindo-se assim como um sistema de alto rendimento e “monstruosamente” dependente de insumos externos provenientes de combustíveis fósseis não renováveis (referência ao complexo militar-industrial). Nesse sentido, o autor faz uma abordagem geral e especifica do processo de captação e transformação da energia que entra no sistema agrícola, apresentando os conceitos de aportes ecológicos de energia (origem solar) e aportes culturais de energia (origem humana). Dentre o último, tem-se outra subdivisão, em aportes biológicos e os aportes industriais, sendo suas definições autoexplicativas.

O tipo de aporte (energia) inserido para a produção necessária em um agroecossistema promoverá, ou não, o retorno energético desta produção, ou seja, a quantidade de energia na biomassa vegetal ou carne (e laticínios) produzida por uma cultura dependerá, intimamente, da energia cultural investida nela. Desse ponto de vista, o autor propõe como iniciativa para promoção da sustentabilidade o enfoque maior no uso de aporte energético cultural de origem biológica, e cita exemplos de produções agrícolas em que os níveis de energia cultural industrial inserida são bem altos (fertilizantes nitrogenados, agrotóxicos, etc.), o que acaba por se “gastar mais do que receber”, como a produção mecanizada, em monocultura, de moranga, brócolis e carne bovina, nos EUA.

Algumas iniciativas estão sendo criadas levando-se em consideração a ideia do enfoque na energia cultural biológica, onde pode-se citar a fazenda Poly Face, coordenada pelo fazendeiro Joel Salatin. Lá, grande parte do aporte utilizado para “mover” a fazenda é do tipo cultural biológico, com muito foco na tração animal. Um exemplo breve do que ocorre em algumas etapas para produção de carne vermelha, branca, leite e ovos, é o pasto rotacionado onde o gado se alimenta da grama, e as galinhas (em um processo posterior) repõem o nitrogênio e eliminam os parasitas da biomassa gerada por aquele, além disso realizam a aragem do solo e geram ovos. O trabalho humano é realizado constantemente no manejo do pasto (com cercas eletrificadas), do poleiro das galinhas (chamado de ovomóvel) e de processos complementares. A taxa de recuperação do solo e, por sua vez, do pasto (grama) que irá alimentar novamente o gado se torna mais eficiente, se comparada a de outros sistemas convencionais que utilizam insumos culturais industriais, como fertilizantes nitrogenados, agrotóxicos, sementes geneticamente modificadas e maquinaria pesada. O sucesso utilizado nesse consórcio representa, certamente, um exemplo do uso intensivo de insumos biológicos, onde estes são disponíveis localmente, podem ser controlados pela população local e contribuem para a saúde dos agroecossistemas, tornando-os mais sustentáveis.


1. Como os aportes de energia cultural biológica e industrial diferem no que se referem aos impactos ecológicos?

A grande maioria dos aportes de energia cultural industrial, ao contrário do biológico, são, claramente, impactantes negativamente na ecologia, onde estes geram impactos no que se refere à entrada e saída de energia no sistema, além dos problemas já conhecidos provenientes do uso de insumos externos industriais.

2. Que tipos de insumos de energia cultural industrial para a agricultura que podem vir de fontes renováveis?

Energia eólica, solar, biogás, biocombustíveis.

3. Como podemos usar fontes renováveis de energia para substituir fontes não renováveis e, ainda assim, satisfazer a demanda crescente de alimento?

A partir desse tipo de energia pode-se abastecer diversos equipamentos, maquinários, irrigação ou outro sistema mecânico com funções específicas dentro do agroecossistema, aproveitando, assim, a energia de fonte renovável e infinita, como as citadas na resposta da questão anterior.

4. Que papeis os animais podem desempenhar no aperfeiçoamento da eficiência e eficácia de concentração e transferência de energia em agroecossistemas?

Os animais podem desempenhar funções de tração motora (gado), geração de biomassa para biodigestor ou solo (caprinos, ovinos, galinhas, gado), aragem e adubação do solo (galinhas, perus, caprinos).


Resumo e respostas do capítulo 18 - “A energética dos agroecossistemas” do livro “Agroecologia: Processos ecológicos em agricultura sustentável”. Stephen R. Gliessman. 2001”.
Mestrado Profissional em Políticas Públicas e Gestão da Educação Superior - POLEDUC/UFC. Ano: 2018
Disciplina: Agroecologia